No Visão Periférica vimos hoje, dia de Natal, trazer-vos uma entrevista de uma autora nacional. O nome dela é Elizabete Cruz, tem 20 anos e é de Viana do Castelo. Actualmente frequenta o terceiro ano de Radiologia, dedicando também bastante do seu tempo à escrita e leitura. Tem dois livros publicados: ''Espelho Indesejado'' e ''O Homem que Amada Demais''. Se quiserem conhecê-la melhor, recomendo-vos a continuação da leitura.
Fale-nos
um pouco sobre si.
Esta é sempre a pergunta mais difícil. Bem,
sou uma jovem de 20 anos, que gosta de ler e acha que sabe escrever. Também
costumo achar que tenho piada, mas julgar isso já fica ao critério de cada um.
Enfim, sou uma pessoa vulgar, com defeitos e manias insuportáveis, mas no
entanto gosto de mim assim. Gosto de ser má, gosto de irritar as pessoas, gosto
de ser anti-social. Resumindo, acho que sou uma pessoa horrível, mas continuo a
gostar de mim na mesma. Acho que “ser estranho que mora neste planeta porque
não o querem em mais sítio nenhum” é uma boa definição para mim.
Como
começou o gosto pela leitura? E pela escrita?
A minha mãe sempre me comprou os livros da
Anita. Penso que ela gostava mais deles do que eu! Mas foi assim que tudo
começou: quando ela me dava, eu lia-os mal chegava a casa, e depois relia e
relia. Fazia até concursos com a minha prima para ver quem conseguia ler mais!
Ainda hoje guardo essa colecção com carinho.
Quanto à escrita, bem, lembro-me que diziam
que eu escrevia na escola primária. Não sei o que significa “escrever bem na
escola primária”, porque decerto eu deveria saber fazer pouco mais que juntar
as letras. Mas o ego lá me perseguiu, e fui acreditando que até sabia escrever,
e então fui escrevendo uns textinhos, umas historinhas, e mostrando às pessoas,
e elas até gostavam! E pronto, foi daí que me envolvi a sério na escrita e no
gosto por ela.
Sabe-nos
dizer qual foi o primeiro livro que leu?
Bem, li quase todos da Anita, e li muitos,
muitos da colecção “Uma Aventura” (penso que ainda hoje devo ser recordista no
que toca a requisições na biblioteca da minha antiga escola). Esses foram os
primeiros, seguindo-se depois a saga Harry Potter. Só depois entrei nos livros
mais adultos.
Consegue
dizer-nos alguns dos autores que a inspiram actualmente?
Há muitos autores que leio e que adorava
conseguir “imitar”. Um deles é, com certeza, a rainha do crime, Agatha
Christie. E não se trata propriamente de inspiração, porque eu não sei escrever
policiais, é mais uma inveja. Na realidade, penso que não leio praticamente
nada do género que livros que escrevo, o que é um bocado estranho. Portanto,
acho que nenhum autor me inspira a escrever.
Em
2010 publicou o seu primeiro livro “Espelho Indesejado”. Qual foi a sensação?
Naquela altura, eu não acreditava muito em
mim. Escrevia, e sonhava que um dia conseguiria editar. Nunca pensei que
realmente o fosse conseguir! Então quando esse livro me chegou às mãos, era o
meu bebé, o meu primeiro. Senti-me mesmo uma mãe para com ele, só me conseguia
babar e orgulhar quando o via.
Depois
de escrever o primeiro livro e o ter publicado, sentiu logo ânsia de escrever o
segundo e continuar com a escrita na sua vida? Sentiu que a publicação do
primeiro a motivou para o futuro?
Sim, eu comecei imediatamente a escrever um
segundo livro, que não foi segundo nenhum. Sabem, o meu cérebro é muito
complicado, então põe histórias em cima de histórias, e a seguinte é sempre
melhor que a anterior, então é complicado de se gerir. Esse segundo livro
acabou por não ser acabado, porque comecei outro. Mas sem dúvida que o
primeiro, e as palavras sobre ele, me incentivaram a continuar.
Fale-nos
um pouco do seu segundo livro. O que gosta mais sobre ele?
O segundo livro foi uma aventura, e um
risco. Foi uma aventura porque quis falar sobre coisas que não conhecia, e que
me obrigaram a pesquisar. Foi um risco porque não fazia ideia se as pessoas
gostariam da temática, e se encarariam bem os acontecimentos. É um livro
violento, que pode desagradar às pessoas. No entanto, gosto dele porque faz
absolutamente o meu género, para além de que fala de assuntos que me
interessam. As personagens são também outro pormenor que quase me apaixona:
adoro-as, cada uma delas, sejam elas boazinhas ou más como o Diabo.
Considera
os seus dois livros publicados um sucesso atingido?
Foram um sucesso para mim. Nunca liguei
muito a essas coisas da fama, nunca quis ser conhecida, sempre preferi estar no
anonimato. Recebi muitas críticas positivas, e sei que a maioria das pessoas
gostou, e penso que isso é sucesso suficiente para mim
Sei
que está a escrever o terceiro livro, já tendo revelado o título e as
personagens principais. Como surgiu a inspiração para ele? E quando está
previsto ser publicado?
Este livro é um misto de muitas coisas.
Primeiro, é um ponto de viragem nas minhas histórias, pois estas personagens
não sofrem as maldades que as outras sofreram. Neste livro vou-me aventurar a
falar de amor, na sua forma mais complicada. Penso que a inspiração surgiu nas
personagens (elas foram criadas antes da história), e estas foram inspiradas
nas pessoas que vejo no meu dia-a-dia.
Não faço ideia de quando será publicado.
Penso que não será em 2013 que isso vai acontecer, pois a altura não é muito
favorável. Mas só o tempo o dirá,
(Se quiserem informações sobre as personagens deste novo livro, podem vê-las aqui)
Se
fosse possível, veria algum dos seus livros transportado para o grande ecrã? E
qual dos três escolheria, se só pudesse escolher um?
Escolhia o “O Homem Que Amava Demais”. É um
livro que se pode enquadrar na ficção científica, apesar de ter um bocado de
terror lá pelo meio, e por isso seria suficiente para uns belos efeitos especiais
durante o filme. Para além disso, adoraria ver o Dean e o Henry no grande ecrã,
já que são personagens cuja mente não foi fácil de formular.
Tanto
quanto sei é dona de um blog. Como surgiu a ideia de o criar? E porque mudou o
nome para Por cá, fala-se disto!?
O blog surgiu inicialmente para promover os
meus livros e os meus textos. Não foi grande aposta, porque ninguém o lia, e eu
nem sempre tinha coisas para postar. No início chamava-se “Quem conta um
conta”, que era um título que fazia sentido. Quando me fartei de não ter nada
para escrever, optei por escrever sobre os livros que lia, e então mudei o nome
para “Por cá, fala-se disto!”. E porquê? Porque falar está-me no sangue, e já
que às vezes a minha voz se torna irritante, falo pelo blog!
Recentemente
incluiu no seu blog opiniões de séries. Como surgiu a ideia? Considera que tem
sido um sucesso?
Bem, a ideia foi um bocado retirada da
cabeça aqui da Juliana Melo :D achei que, fazendo ela a opinião sobre algumas
séries, eu podia complementar o seu trabalho e fazer de outras séries. Escolhi
as três que acompanho com mais dedicação: Dexter, American Horror Story e
Sobrenatural. Felizmente, a ideia foi acolhida com algum entusiasmo, e esta
iniciativa levou-me a conhecer pessoas novas e com certeza levou o blog a um
maior leque de pessoas. Por isso, com certeza que foi um sucesso!
Além
da escrita, estuda Radiologia! Consegue explicar-nos essa escolha académica?
Sinceramente? Não. Escolhi o curso que iria
tirar uma semana antes de fazer a candidatura à universidade. Estava
absolutamente desnorteada, sem saber o que queria. Radiologia pareceu-me
interessante, e achei que iria gostar. Então pronto, 1ª opção: Radiologia.
Nesta
época natalícia, fale-nos um pouco das suas tradições de Natal.
É triste, mas eu quase não tenho disso.
Costumo passar o Natal com os meus pais. Comemos o bacalhau com as batatas e as
couves (maior tortura de Natal), depois comemos o bolo rei, arrumamos e vamos
ver a televisão. Entretanto os meus pais adormecem no sofá, e eu acordo-os à
meia-noite para abrir as prendas. Acho que isto se pode chamar uma tradição,
não pode?
O que
mais gosta sobre o Natal?
Adoro passear nas ruas no Natal. Adoro montar
a árvore de Natal, enquanto ouço músicas natalícias. Adoro estar de férias, e
aproveitar todos os dias a lareira acesa. E adoro que chova no natal, dá todo
um encanto!
Deixe
uma mensagem aos leitores.
Bem, antes de mais, desejo um Feliz Natal a
todos vocês. Espero que recebam pilhas de livros, e que tenham de comprar
estantes novas para os pôr. E continuem a ler, guardem esse livros no coração,
porque cada um conta uma história que certamente não vão querer esquecer.
O Visão Periférica agradece à Elizabete Cruz pela disponibilidade oferecida para este entrevista e deseja desde já um Feliz Natal à autora e a todos os leitores :)